Oh, Céus!... ando tão sem inspiração...Cadê a graça até nos momentos mais sem graça?... Todo mundo diz que é só uma fase, que vai passar, etc. e tal, mas está custando tanto... Acho que estou mesmo é sentindo falta de sentir a chegada do outono lá no outro hemisfério, do sorriso, do abraço dos kids, do tête-à-tête com minha filhota. O Skype ajuda, mas não é a mesma coisa, né?
Bom, enquanto a inspiração está em férias, fico me valendo da inspiração maravilhosa e constante dos poetas do meu coração para adoçar o Prosa e nossos queridos amigos e leitores... E como é sexta-feira, dia sempre tão esperado, vamos deixar aqui um clima de romantismo com a sensibilidade de Florbela Espanca.
Esquecimento
Esse de quem eu era e era meu,
Que foi um sonho e foi realidade,
Que me vestiu a alma de saudade,
Para sempre de mim desapar'ceu.
Tudo ao redor então escureceu,
E foi longínqua toda a claridade!
Ceguei... Tateio sombras... Que saudade!
Apalpo cinzas porque tudo ardeu!
Descem em mim poentes de novembro...
A sombra dos meus olhos, a escurecer...
Veste de roxo e negro os crisantemos...
E desse que era meu já me não lembro...
Ah, a doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos!...
(Florbela Espanca)