Finalmente o sol brilha sobre a cidade, depois de dias e dias cinzentos, frios, chuvosos, com cara de inverno. Temos finalmente um dia típico de maio, friozinho, mas claro, iluminado.
E dentro de mim abrem-se lembranças de outros maios, longínquos, quando aconteciam as mais belas tardes do ano, quando o clima ainda era bem definido em cada estação, quando, exatamente por isso, maio era "o mês das noivas" Não havia noiva que não sonhasse com um casamento feito ao cair da tarde de um ensolarado sábado de maio, sob a magia de um poente multicolorido, seguido por estreladas noites para sua "lua de mel".
Sempre que chega maio, uma doce lembrança me envolve... Uma música, uma imagem, uma saudade... Meu pai, dedilhando ao violão, uma canção de Silvio Caldas, que era um de seus cantores favoritos, e que, cantarolando baixinho, me encantava:
"Tardes de maio
céu azul, nuvens raras
Tardes de maio
são as tardes mais claras
E Rosa vai rezar
pedir numa oração
alguém para morar
Em seu coração."
Eram tão singelos os desejos das Rosas de então!...
Não, não fui uma noiva de maio. Casei-me num dezembro, numa linda e ensolarada tarde de domingo. Esperar maio chegar seria tempo demais para dois corações apaixonados que viviam fisicamente tão distantes, eu em São Paulo, ele em Belo Horizonte. E quando maio chegou, lindas foram as suas tardes.