José Mauro de Vasconcelos, um dos mais doces escritores de meu coração, abre seu livro "Rosinha minha canoa" com uma explicação:
"ANTIGAMENTE, quando escrevia, deixava entrever minha ternura mas com muito medo. Queria que todos os meus romances cheirassem a sangue e viessem rotulados com o carimbo de: Machos pra Burro. Foi preciso que chegasse aos quarenta anos para perder todo o terror de minha ternura a derramar por minhas mãos que queimam de carinho (quase sempre sem ter ninguém para o receber) a simplicidade deste meu livro. Leia-o quem quiser. De uma coisa estou certo: não tenho nada de que me desculpar perante o público. Apresento, pois, ROSINHA, MINHA CANOA"
E havia tanta ternura no coração desse homem que transbordou para além de sua obra, para além de seu tempo... Ternura expressa magistralmenete em "Meu pé de laranja lima", um dos meus livros de cabeceira... Hoje, sem mais esta nem aquela, resolvi reler (mais uma vez) Rosinha minha canoa e, mais uma vez, fui tocada pelas palavras com que José Mauro apresenta seu livro, por isso trouxe-as para o Prosa. E, para aqueles que não se envergonham da ternura que os invade, um convite para voltar a ler esse escritor lindo, doce, que já foi designado como piegas pela crítica literária, mas que eu, derramada em ternura, sempre acolhi com carinho de leitora atenta e fiel.