floquinhos

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Natal... Um tempo de amor.


Continuamos por aqui com o trabalho de decorar a casa para o Natal e, ao mesmo tempo em que essa tarefa me deixa alegre, feliz, cada detalhe, cada adorno, vai colocando uma pontinha a mais de saudade em meu coração, porque eles carregam o poder das lembranças dos Natais de outrora... Os de minha infância, quando tudo era alegria, quando corriamos a buscar capim para alimentar as renas do Papai Noel, quando a casa se enchia de gente para a ceia da Noite Mágica de Natal. Naquele tempo não tínhamos como decorar a casa e a alegria estava na reunião da família, no receber um presente colocado ao lado da cama "pelo Papai Noel" durante a noite. Nem reclamávamos quando nos punham para dormir no melhor da festa... A noite tinha que passar depressa, a manhã do dia de Natal era o que mais as crianças ansiavam por ver chegar...
Nos de minha juventude, já aí tínhamos uma enorme árvore natural, comprada na semana natalina, montada num canto da sala por meu pai e por todos nós que quiséssemos ajudar, arvore que era iluminada por pequenas velas presas aos galhos e acesas pouco antes de ser servida a ceia.
Os Natais da infância de meus filhos, quando íamos passá-los em casa dos meus pais, a carinha linda deles iluminadas pela beleza da noite, pela alegria dos presentes, o prazer de colocar pequenos chumaços de algodão espalhados pela árvore (meu pai fazia questão que fossem os pequenos a fazerem isso), para simular uma neve que nunca temos no Brasil, mas os costumes trazidos da Europa enraizavam-se em nós... Depois, os Natais em nossa casa, então recebendo meus pais, já a casa toda decorada, a alegria de estarmos juntos, de te-los conosco, a alegria de meu marido nesta época do ano, a nossa alegria durante os preparativos, durante a festa, sempre... E os netos foram chegando, e o Natal foi se moldando a cada nova circunstância, sem nunca perder o brilho, o fulgor, a magia...
E alguns dos meua amores foram partindo, um a um, marcando cada ausência em tantos Natais que, ainda assim, permanecem mágicos, porque a saudade é doce e doces são as lembranças. E, na medida em que vou colocando um vela na janela, um adorno no jardim, uma meia presa a lareira, uma lanterna na area de entrada, vou sentindo a presença deles em torno de mim, sorrindo e iluminando todos os dias de minha vida... E fazendo-me lembrar que Natal é tempo de alegria e paz, nunca de tristeza... Natal é tempo de amor!

domingo, 28 de novembro de 2010

O silêncio...


"O silêncio é um campo plantado de verdades que aos poucos se fazem palavras."

(Thiago de Mello)

sábado, 27 de novembro de 2010

A quatro mãos...


"A quatro mãos escrevemos o roteiro para o palco de meu tempo: o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério."

(Lya Luft)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Postais da cidade

Feriado prolongado, cidade quase vazia, ideal para tirar umas fotos. Saimos pela manhã e aproveitei para fotografar alguns lugares que ainda não havia mostrado por aqui.

A Prefeitura de Winchester

A Biblioteca Municipal da cidade
A Escola de Ensino Médio (onde o Philip estuda)

Ao fundo, o bosque...

A nossa rua...

Os meus amores...

Um jantar de Thanksgiving


Mais uma vez, os Loeb abriram as portas de sua linda casa para receber amigos. Desta vez para comemorar o Thanksgiving, com um delicioso jantar, que se estendeu com um agradáveel bate-papo até bem mais tarde. Assuntos variados e histórias muito interessantes rolaram pela noite, devido a diversidade de nacionalidades dos convidados - em volta da mesa, sentavam-se israelenses, americanos, ingleses, indianos, brasileiros... Mesa decorada com capricho, pratos típicos da data, como o tradicionalíssimo perú e a salada variada, com sementes de romã - deliciosa - entre outros, tudo regado a um bom vinho e seguido de uma sobremesa composta de vários tipos de tortas doces, além das frutas, tudo muito saboroso. Anfitriões cuidadosos, souberam conduzir a noite com alegria e atenção, fazendo do jantar um momento a se guardar. Pelas fotos vocês podem ter uma idéia desse momento.

Os anfitriões, Ofrit e Avi Loeb



As crianças tiveram uma mesa especialmente montada para elas


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Preparando a casa para o Natal...


Aproveitando o feriado do Thaksgiving, a presença dos kids em casa, resolvemos montar hoje, pela manhã, a árvore de Natal. Foi uma festa. Depois fomos dar um passeio pela cidade, vazia exatamente pelo feriado prolongado, de onde resultaram algumas fotos que pretendo colocar numa próxima postagem.


Alexander e Philip começam a montar a árvore...

e a vovó, claro, vai dar uma mãozinha.

Os enfeites foram colocados um a um, depois das luzinhas terem sido distriuídas pelos galhos.

E... ai está ela, prontinha para alegrar as festas deste final de ano. Ainda falta a decoração da casa e do jardim, que aos poucos vai sendo feita.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

E lá se foram as cores do outono...




Apesar do intenso azul do céu. do sol que se derramava por sobre nós, a tarde parecia-me triste, hoje, pela ausência das coloridas folhas do outono, já despidas pelas árvores...

Atendendo a um pedido...

Alguns dos amigos e leitores do Prosa devem estar lembrados de quando fomos, minha filha e eu, até New Hampshire para buscar a Baby, uma gatinha que estava em um abrigo de animais a espera de adoção. Falei sobre isso, postei fotos da Baby, comentei como os kids ficaram felizes com a chegada da gatinha que logo se sentiu em casa e tem feito muita companhia a todos nós, sempre muito dengosa.
Pois hoje ela volta a cena aqui no Prosa, a pedido do Alexander. que insistiu para que eu postasse uma foto dela, sentada ao lado dele, como sempre acontece quando a turminha aqui da casa senta-se a mesa para um lanche ou para uma refeição. Se houver uma cadeira vaga, passa a ser ocupada por ela. E fica ali o tempo todo, olhando um e outro, como se quisesse participar da conversa. E porque fica dificil resistir ao pedido de um neto, mesmo sabendo, meus amigos, que esta postagem pode paracer a alguns absolutamente desinteressante, peço licença para "exibir" dois dos gatinhos aqui da casa: o Alexander e a Baby.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Não queremos perder...


"Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização."

(Lya Luft)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Já no Espírito de Natal...


Esta á a semana do Thanksgiving. Abóboras, espigas de milho sêcas, espantalhos, decorando jardins, guilandas nas portas, preparativos para um jantar entre amigos e familiares, na quinta-feira (última do mês), na mais pura tradição aqui da terra. Mas o clima de Natal já envolve tudo e todos. As rádios já transmitem músicas natalinas o tempo todo, as lojas estão quase que completamente cobertas pelo verde/vermelho/ouro e prata, cheinhas de luzes multicoloridas, gritando que, mesmo estando ainda em novembro, "já é tempo de Natal...
As temperaturas vão ficando a cada dia mais baixas, os dias mais cinzentos. Fico aqui pensando se não seria exatamente por isso, pelo cinza, pelo frio pedindo aconchego, que as festas de Natal por aqui são tão coloridas, tão cheias de luzes, tão envolvidas em alegre e doces cantares... Porque a neve cobrindo tudo pode ser muito bonita em cartões postais, pode ser muito atraente em passeios turísticos, em temporadas de jogos de inverno, mas no dia a dia é bem difícil de ser enfrentada, quando as ruas e estradas ficam perigosamente escorregadias, quando as escolas têm suas aulas suspensas porque alunos e professores não conseguem lá chegar, quando o silêncio que se faz em torno de tudo é assustador... Sim, porque em tempo de neve paira um silêncio enorme no ar, sem o canto dos pássaros que enchem de vida o bosque e as árvores da cidade, sem o alarido das crianças, tão frequente no verão, sem um movimento maior de carros cortando as ruas... Noto também que, no inverno, as roupas ganham um colorido maior, sempre há um gorro, um cachecol ou luvas em cores vivas, principalmente vermelho, dando um toque de alegria ao vestuário carregado que a estação exige.
Então, é tempo de festas, é tempo de luzes, é tempo de alegria... E já me sentindo completamente envolvida pelo espírito de Natal, espírito que contagia o Prosa, deixamos a partir de agora um fundo músical especial para nossos amigos e leitores, enquanto começamos a decorar nosso espaço para "the Holidays Celebrations".

domingo, 21 de novembro de 2010

E preciso aprender a olhar...


"Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,que estão diante de cada janela,uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros finalmente, que é preciso aprender a olhar,para poder vê-las assim..."

(cecilia Meireles)

sábado, 20 de novembro de 2010

Longe de um país chamado Brasil...


A rotina das sextas-feiras, por aqui, envolve pegar os kids na after school, traze-los para jantar e em seguida leva-los a aula de português em Everet, uma cidade bem próxima, distante a aproximadamente uns vinte minutinhos, de carro e, enquanto eles assistem aula, minha filha e eu vamos as compras da semana. Compras feitas, voltamos para casa e pouco antes das nove da noite retornamos a Everet, para apanhá-los.
A comunidade brasileira nesta região de Massachusetts é bem grande e o curso é organizado e coordenado por voluntários, professoras no Brasil que vieram para cá em busca de um novo modo de viver, e que fazem questão de manter vivo, de passar para os alunos, o amor a Pátria distante, seus costumes, suas tradições. Assim, na última sexta-feira de cada mês, as aulas são encerradas com a criançada reunida para a cerimônia do Hino Nacional Brasileiro. Todos perfilados no palco, bandeira hasteada, os acordes do hino começam a ecoar pelo enorme salão e as vozes infantis, grande parte delas carregadas de sotaque, tomam conta do ambiente, enchendo de orgulho os corações dos pais ali reunidos, chamados para participar do momento cívico. E no rosto de cada uma daquelas pessoas, homens e mulheres, gente que trabalha duro dia após dia, no olhar de cada um deles, a marca indelével da saudade, do orgulho de pertencer a um país que, embora distante, vive presente dentro deles. Uns acompanham emocionados, voz embargada as estrofes do hino, outros apenas ficam ali, olhar perdido, um semi-sorriso estampado no canto dos lábios, outros ainda apenas parecem deixarem-se ficar, semblante entristecido, como se só seu corpo ali permanecesse...
Terminada a cerimônia, o alarido das crianças volta a preencher o salão, numa algazarra só. Correm para seus pais que, ainda sob a emoção da viagem imaginária a terra distante, tomam-nos pela mão e vão se dirigindo para a saída, voltando a realidade de seus cotidianos. Vindos em busca de uma melhor oportunidade, enfrentam na maioria das vezes, um trabalho duro - são pintores, pedreiros, azulejistas, vendedores(as), faxineiros(as), motoristas, são o que conseguirem ser, sem medo do trabalho, sem perder a esperança, sem abandonar a alegria de viver tão própria dessa nossa brava gente, na tentativa de oferecer aos filhos e a si próprios uma vida melhor, mais digna, mais confortável, no desejo de realizar seus sonhos...
Assim foi ontem, apesar de não ser a última semana do mês, já que pelo feriado do Thanksgiving não haverá aulas na próxima sexta. E lá estava eu, emocionada, pedindo a Deus em oração que abençoasse aquela gente, que lhes permitisse força e coragem para seguir em frente, para que cada um deles visse seu sonho transformado em realidade... Tomara!...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Haver sonhado e ter vivido o sonho...

QUEM AMA INVENTA

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria.
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

(Mario Quintana)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Muito bom lidar com profissionais competentes...


Se há coisa que admiro por aqui é a honestidade profissional, aliada a competência. É evidente que também há por aqui os malandros, os oportunistas, os maus profissionais. Eles estão espalhados pelos quatro cantos do mundo, ora... Mas a maior parte dos profissionais que conheci por aqui é contituida por pessoas responsáveis. A troco de que estou dizendo isso? Simples!...
Faz tempo que minha filha vem pensando em refazer o Dec - localizado na parte de trás da casa, lugar preferido para as refeições e barbecues, nos finais de semana de verão, do pessoal aqui da casa. Com a chegada do outono/inverno, os móveis de jardim são recolhidos, antes que comece a nevar, e seria o tempo certo para a montagem do novo dec. Pesquisas, contatos, orçamentos provisórios feitos pelo telefone, escolhida a empresa que possivelmente faria o serviço, visita do representante da mesma agendada e, já na chegada o próprio abre um computador (de babar) e ali mesmo desenha projeto, mostra modelos, calcula preços, faz orçamentos, fala sobre tipos de material, enfim tudo muito claro e rápido. Acertados os detalhes, marcou para dali a dez dias o inicio da montagem.
No dia e hora marcados, ele chega já com todas as madeiras cortadas e preparadas, junto com mais um funcionário e as nove da manhã eles começam o serviço que entregam pontualmente as duas da tarde, prontinho, perfeito, exatamente como minha filha queria... Em cinco horas aqueles dois homens instalaram o dec!...
Receberam o cheque para pagamento do serviço e foram-se com a mesma discrição com que chegaram ou trabalharam... Maravilha!!! Como se costuma dizer lá pelo Brasil, "profissional competente é outro departamento"... rs...

Etapas da montagem..




E quando chegar a primavera, vasos e jardineiras com flores serão colocados em torno do dec que estará, então, prontinho para receber os móveis que foram guardados naquela casinha branca, especialmente montada para isso, que você vê mais ao fundo, na foto.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A saudade que dói mais fundo...


DA SAUDADE

"A saudade que dói mais fundo – e irremediavelmente – é a saudade que temos de nós."

(Mario Quintana)

Com a chuva fustigando a vidraça...


Acorda com o barulho da chuva fustigando a vidraça e do vento forte castigando as árvores do bosque. Enrodilha-se mais entre os lençóis, imaginando o frio lá do lado de fora da casa, sem abrir os olhos, tentando, em vão, não espantar o sono. Mas em sua cabeça começam a surgir lembranças de outras noites como esta, de acordar assim do nada, assustada sem saber por que, noites em que bastava estender o braço e, num abraço, envolver a figura forte dele, que ressonava tranquilamente a seu lado, num sono profundo, para se sentir segura, protegida dos medos que uma noite de tempestade pudesse trazer. Estendeu o braço para o nada e sentiu o vazio dentro de si... Fazia tantos anos que ele partira e ela não se acostumara com essa ausência, ainda buscava a ternura de seu abraço nas noites de insônia, nas madrugadas vazias e, ao abraçar o nada, entendia o quanto fora preciosa a vida com ele, o quanto aprendera, o quanto amara e fora amada, o quando vivera...
Afastou as cobertas, envolveu-se no roupão que deixara aos pés da cama e foi até a janela. Sempre gostara de chuva, sempre sentira um grande prazer em ve-la cair por sobre a cidade, isso a acalmava. Diferente de quando estava em sua casa, quando as luzes da cidade, refletidas no asfalto molhado das ruas, traziam romantismo a noite, a cidade pouco iluminada que via agora pela janela parecia-lhe um tanto soturna. Em casa, prepararia um chá, colocaria música no ambiente, desfrutaria de mais um momento de paz entre doces recordações, daria asas a alma para que ela voasse pelo tempo e pelo espaço em busca dessa paz...
O relógio mostrava que a madrugada caminhava para o amanhecer, um amanhecer molhado e cinzento, abrindo um dia frio. Sentou-se na poltrona a um canto do quarto, acendeu a luz ao lado, abriu o livro que estivera lendo antes de dormir e mergulhou em sua leitura, esperando pelo momento de reiniciar o novo dia...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Numa tarde de nevoeiro...

A tarde estava fria e nevoenta, mas mesmo assim minha filha e eu resolvemos dar uma caminhada pelo bosque, chegar até o lago. Uma paisagem completamente diferente da que costumo fotografar, sempre entre a primavera e o verão, ou mesmo no começo do outono, quando as águas, como um espelho, duplicam o colorido da estação, deixando tudo mais lindo.

Vamos caminhar pelo bosque?

Um nevoeiro fino envolvia a copa das árvores

A passarela que leva ao lago ainda adornada pelas folhas do outono...

Apesar de nevoenta, uma linda paisagem.

O lago parece triste...

Mas o pescador nem parece sentir o frio do momento.

domingo, 14 de novembro de 2010

Um pensamento...


"Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade."

(Confúcio)

sábado, 13 de novembro de 2010

Um blog que recomendo (19)

Obrigada, Maria, por esta linda rosa

A Maria, mais uma das amigas do além mar, autora do sempre bonito "Divagar sobre tudo um pouco" oferece hoje, aos amigos e leitores de seu blog, lindas flores, fazendo um apanhado sobre cada uma delas, com descrição e origem das mesmas, numa bonita postagem. Tenho visitado com bastante frequência esse blog onde sempre encontro assuntos interessantes, fotos bonitas, temas variados. Por isso eu o recomendo aos leitores do Prosa, como faço sempre que me deparo com espaços que gosto muito. Vale bem a pena fazer-lhe essa visita, receber uma das flores que gentilmente nos estão sendo oferecidas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Folhas verdes num rigoroso inverno...


As valentes folhinhas tentam sobreviver ao frio outono...

Num dia muito azul, dia que amanheceu com os termômetros assinalando dois graus negativos mas com o sol derramando-se por sobre a cidade, o bosque toma um ar de primavera, e só o barulho das máquinas recolhendo as folhas caidas sobre o gramado quebra um pouco a paz do momento.
Agasalho-me bem, envolvo-me em cachecóis e gorros, luvas e casaco, para sair, para dar uma pequena volta por aí, apenas para sentir mais de perto a beleza do dia. Entro no bosque, sinto as folhas craqueando sobre as solas de minhas botas; não se ouve um canto de pássaros, pois já partiram em busca de um clima mais ameno, e os esquilos, cujos pelos já tomam a coloração mais clara do inverno, como camuflagem, esquivam-se silenciosamente por entre as árvores. Árvores quase desnudas, tristes sem a beleza de suas cores, de suas folhas. E entre tantas folhas ressequidas, lá estão ainda umas folhinhas, verdes, tentando sobreviver ao frio, tão valentes como certas pessoas que, parecendo terem nascido para o sofrimento, não se deixam levar pelas intempéries da vida e vão seguindo seu caminhar, sempre tentando alegrar os caminhos dos que vivem em torno delas. Não sei porque as folhas isoladas num galho que parecia seco lembraram-me essas pessoas, gente que vai sempre em frente, apesar dos pesares, que sorriem quando suas almas estão em frangalhos, que tentam amparar quando mais necessitam de amparo... Pessoas raras, não teria muitas para citar, mas a lembrança de uma prima muito querida surge diante de mim, com seu sorriso aberto emoldurando olhos de certa tristeza... Carinhosamente a chamamos de Belinha, um nome frágil para uma pessoa que sabe ser forte na vida. Folha que permanece verde, mesmo transitanto por um rigoroso inverno dessa mesma vida...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Um dia para os heróis de guerra...

Celebra-se hoje, 11 de novembro, o "Veterans Day", relembrando combatentes e heróis americanos de cada uma de suas guerras. E este é um pais que teve (e tem) uma história de muitas guerras, por isso uma grande maioria das casas americanas ostenta hoje uma bandeira hasteada, como homenagem a alguém que se foi. As cidades tem seu memorial, com murais recobertos pelos nomes de seus filhos que morreram nessas guerras, entre jardins, em bem cuidadas praças. É um dia dedicado aos soldados que deram suas vidas pela pátria, ou pelo sonho americano, um dia consagrado aos soldados que lutaram nessas infindáveis batalhas e, dever cumprido, retornaram a seus lares, um feriado federal, um dia de paradas e homenagens em toda parte.

Depois de tanta chuva, o dia amanheceu azul, limpido, lindo...

Em Winchester. as homenagens aos seus heróis de guerra...

... assim como em Woburn.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Numa manhã de pouca inspiração...


A chuva vai, aos poucos, diminuindo, ora chove, ora não, mas a cidade continua molhada, o vento vem gelado, mostrando que o frio veio para ficar e a cada dia mais rigoroso. Vejo através da janela um primeiro raio de sol que brilha timidamente, num relance, para logo recolher-se entre as nuvens. Vago pela casa vazia, procurando um tema para meus escritos de hoje, mas a alma parece tão vazia quanto a casa. Abro meu laptop e a voz de Sinatra preenche o ambiente e o meu coração hoje um tantinho triste, num sentimento que daria um conto inteiro se o fosse usar como tema, mas seria um tema triste e hoje não vou dar bom dia a tristeza, não quero, não devo. Prefiro refugiar-me entre as rimas dos Poetas de Meu coração, e hoje dou espaço a Thiago de Mello, o homem da floresta, que afirma que só é habitado pelo milagre da matéria...


Ninguém me habita

Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.


(Thiago de Mello)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Em noite chuvosa...


Numa noite fria e chuvosa de outono, a cidade em silêncio como se toda ela dormisse, o coração enche-se de saudade e busca na poesia de Cecília Meireles um ponto de equilíbrio... A lenha crepitando na lareira, o chá esfriando sobre a mesa ao lado, o livro esquecido no colo, as lembranças dançando na alma...

Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

(Cecília Meireles)

domingo, 7 de novembro de 2010

Lobato entre o bem e o mal...


Ah, ser criança "nos antigamentes"!... Correr solta pelas ruas, pular corda e amarelinha, brincar de roda e de esconde-esconde, cantar cantigas ainda mais antigas, comprar pipoca no carrinho que parava na esquina e quando o pipoqueiro acendia o fogareiro, maravilhados, iamos vendo o milho estourar através da tela que cobria a panela... Ouvir histórias de assombração no aconchego da casa, nas noites garoentas, quando não se podia sair para brincar, e, melhor do que tudo, mergulhar no mundo encantado do Monteiro Lobato. Correr com a Emilia através do Sítio do Picapau Amarelo, ir as caçadas com o Pedrinho, conversar com o Visconde de Sabugosa, visitar o Reino das Águas Claras com a Narizinho e ainda por cima saborear os quitutes deliciosos que a Tia Nastácia preparava enquanto ouvíamos as histórias da Dona Benta...
Pouco a pouco, usos e costumes mudando, tecnologia tomando conta de tudo, as crianças presas as telas da TV ou do computador, violência grassando pra todo lado, aprisionando os pequenos em casa, e, como se não bastasse, os luminares da educação, os doutores em comportamento, resolveram tirar das crianças sua mais pura alegria, a companhia dos moradores do Sítio do Picapau Amarelo, transformados, de repente, em maldosos racistas (até a Tia Nastácia, imaginem só!!!), prontos para ensinar as crianças a como ser malévolos preconceituosos, e "otras cositas mas"... Será que aqueles desenhos barulhentos e cheios de violência importados do Japão, que enchem as tardes e a cabeça dos pequenos todos os dias, as novelas cheias de sensualidade e até licenciosidade que ficam preenchendo as noites das famílias, os programas policiais que as TVs mostram, cheios de crueldades e tristezas, são menos prejudiciais que os personagens de Lobato? Gente, cresci com Lobato, foi minha primeira leitura, foi primeira leitura de meus filhos e leitura obrigatória de meus netos... E somos todos pessoas integradas socialmente, temos amigos de todas as nacionalidades e raças e os amamos e respeitamos, sempre. Nenhum de nós foi prejudicado pela leitura dos livros de Lobato. Muito pelo contrário Será que esses doutos senhores só agora tomaram consciência da existência dos personagens que encantaram tantas gerações de brasileiros? Será que nunca haviam mergulhado nas histórias do ilustre escritor de Taubaté? Só agora tiveram tempo para ler as histórias do Sítio mais encantado do Brasil?...