floquinhos

domingo, 31 de outubro de 2010

Na manhã do Halloween

A casa mergulha em atividades, com os kids agitadíssimos, procurando suas fantasias para usar a noite, separando suas cestinhas em forma de abóbora que usarão para recolher os doces no tradicional "Trick or treat", logo mais, ao anoitecer. E seguem os preparativos para o jantar que reunirá amigos para festejar o Halloween, alguns vestidos a carater, numa tentativa de "assustar", isto é, de divertir a todos. E nesse jantar não poderá faltar a tradicional "pumpkin pie" (eu, pessoalmente, prefiro a "apple pie", mas manda a tradição que não falte abóbora na festa), que já está prontinha, guardada no refrigerador. E há abóboras espalhadas pelo jardim, fantasminhas dançando entre os galhos das árvores, aranhas subindo entre as teias presas ao vidros das janelas, enfim, um alegre e um tantinho fantasmagórico cenário a espera dos convidados... E como há ainda muito o que fazer aí pela casa, lá vou eu entrar no clima e participar dos preparativos, da festa, da alegria... Depois eu conto como foi...

Feliz Halloween !

sábado, 30 de outubro de 2010

Numa sala de espera...

Deste lado da vidraça, o outono parece triste...

O tempo parece ter parado entre os móveis desta sala de espera...



A casa é do comecinho do século passado, um lindo casarão branco, feito no estilo da região, dois andares, cercada por um gramado todo recoberto pelas lindas cores das folhas mortas das árvores que a cercam. As salas do casarão transformadas em salas de espera e consultórios de uma clínica de psicologia ostentam ainda um estilo e uma decoração da época, com móveis em madeira macica, linhas retas, sem luxo nem graça. Sobre a mesinha lateral alguns exemplares do "Newsweek" entre umas revistas médicas... Numa das paredes, um imenso post de uma floresta em chamas e na outra um composé de quatro salas médicas no começo do século 20... Pela janella, através do vidro, a paisagem do outono tornando ainda mais triste o ambiente.
E eu fico ali imaginando os dramas e as angústias que já passaram por aquelas salas, as tristezas e incertezas que aquelas cadeiras duras e desconfortáveis abrigaram, E a sala vai tomando, em mim, um aspecto sombrio. Mas, ao mesmo tempo, reflito sobre a finalidade daquelas visitas e penso no alívio que cada alma sentiu após a hora de terapia, após meses ou mesmo anos necessários para levar a cura e a uma vida melhor, já que o velho casarão abriga profissionais do mais alto nível. E como o que vale são os resultados, o que um paciente busca é seu reequilibrio emocional, a melhora de seu estado de alma, pouco importando a beleza ou a modernidade dos móveis de uma sala de espera, faço daquela visita mais um aprendizado...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O amor antigo...


O AMOR ANTIGO

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.


(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que o vento não consegue levar...


"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

(Mario Quintana)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Comprando "pumpkins"...


Entre os preparativos para o Haloween está a compra das abóboras (pumpkins) para a decoração dos jardins.
Pois nós também fomos a cata dessas abóboras, que serão preparadas e iluminadas na noite da festa. Para quem não conhece a história e as lendas que cercam o Haloweem e o significado das cabeças de abóbora iluminadas nos jardins (Jack O'Lantern), deixo uns links abaixo.

Pelo caminho, a beleza das cores do outono

Já na entrada, uma amostra do que poderíamos achar la dentro

Eram tantas as abóboras e de tamanhos bem variados, que a escolha parecia ser fácil...

Havia até umas de formato bem esquesito...

A escolha só parecia ser fácil. Em uma quantidade muito grande fica-se até meio indeciso, mas Angélica sabia exatamente o que buscava.

E o Alexander também, pois foi logo escolhendo as maiores.

Para quem tiver curiosidade, é só seguir os links abaixo.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

De volta ao Prosa


Um dia maravlhoso, de um azul límpido, não muito frio, emoldurando as lindas cores deste outono. Já ando recolhendo algumas imagens que pretendo postar assim que meu laptop esteja de volta. Em computador estranho, com um navegador diferente, parece que as imagens ficam também diferentes, que as cores não são as mesmas, mas ainda assim fico feliz porque posso estar no Prosa todos os dias.
Começam nesta casa os preparativos para a festa de Hallowen. Ontem já fomos em busca de novos enfeites, de artigos para a decoração do jardim e de alguns adornos próprios para o jantar que minha filha oferece aos amigos. As lojas estão mais para filme de drácula, mas há tanto riso no ar, tanta alegria... Como pode uma profusão de preto, roxo e laranja evocar alegria? Só mesmo nesta época do ano.
Na medida em que as coisas forem acontecendo, vou deixando por aqui o que achar de diferente, interessante. Por hoje só vou curtindo as cores do outono que encantam meus olhos, enternecem minha alma.

sábado, 23 de outubro de 2010

Afivelando as malas, novamente...


Roupas ainda espalhadas pelo quarto, frascos de perfume, necessaires com maquilagem, câmera fotográfica, fios, carregadores, laptop, pacotes de presentes... Ah, Deus!... como fazer caber tudo isso dentro de duas malas??? rs... E os sapatos? As botas quentinhas, já que vou enfrentar "o" inverno? Toda vez que viajo é a mesma odisséia! rs... Ainda mais quando as roupas são de lã, casacos, malhas, fica ainda mais difícil, mas no fim dá tudo certo. Retiro tudo que já coloquei nas malas, re-arranjo e... não é que ainda sobrou espaço para aquele livro que ainda não terminei de ler?... Isso tudo já deveria ser rotina para mim, mas confesso que ainda fico estressada a cada viagem. Fico de antemão pensando nos aeroportos, nas longas esperas, na tensão toda que isso provoca e... pois é! Só consigo relaxar no momento em que, já em Boston, depois de cumpridas as formalidades de identificação e alfândega, já a caminho da esteira de bagagem, vejo o sorriso lindo de minha filha à minha espera. Aí eu já me sinto de novo em casa.
Pois então, pessoal, voando de novo pelas asas da United, lá vou eu, novamente, mudar de hemisfério. Mas o Prosa continua de portas abertas para recebê-los, com um café quentinho ou um suco de frutas refrescante, à escolha dos amigos, entre música e bate papo nos entre-meios da viagem. Depois, na segunda-feira, já em Winchester, voltamos ao compasso normal por aqui.
E lá vou eu de volta às malas...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Canção do sonho acabado

Ao anoitecer, a poesia de Cecília Meireles...


Canção do sonho acabado

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...

(Cecília Meireles)

Um doce amanhecer de sexta-feira


Sexta-feira enfarruscada, dessas que pedem para não sair da cama, o corpo sentindo uma preguicinha doce enquanto, teimosamente, vai se enrodilhando entre os lençóis... Mas é anti-véspera da viagem e os preparativos andam tomando todo o tempo, numa correria só. Não tem jeito!... Corro para o chuveiro onde a água quentinha vai espantando pouco a pouco aquele marasmo que tentava se instalar até na alma. Não há tempo para o "dolce fare niente" nesta manhã cinzenta e, antes de mergulhar em cada item da minha lista de afazeres de hoje, vale uma passadinha pelo Prosa para um bom dia aos amigos e leitores que por aqui chegarem. E vou deixando com eles a música dos "meninos" de outras eras, que invadindo o espaço vai destilando um quê de saudade, de nostalgia, nos espíritos mais românticos, mais sonhadores... Bennet vai relembrando a encantadora San Francisco, enquanto Sinatra é todo New York, e Martin derrama sentimentos que tornam "La vie en rose"... Chego à audácia de resgatar lá dos doces e dourados anos do século passado, um Perri Como ou um Andy Williams, para adoçar a manhã. E quem melhor que Armstrog para falar à alma, o maravilhoso Satchmo, que vai pedindo "a kiss to build a dream" entre um "When you wish upon a star" e um personalíssimo "Stardust"?...
Haja sexta-feira para tanta nostalgia... Haja romantismo para tanta beleza!...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A vida é um processo...


"Acho que a vida é um processo... É como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor."

(Lya Luft)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quando a alma pede poesia...


Anseios

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!...
Ai, vê lá bem, ó doido coração.
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não 'stendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela a soluçar!...

(Florbela Espanca)

Uma pausa por uma amiga...


O Prosa, hoje, abre espaço para um adeus. E eu me recolho à minha tristeza, à minha saudade...

O dia está lindo, de um azul intenso, o sol esparrama-se por sobre a cidade, e a vida parece correr em sua rotina. Mas, como disse Fernando Pessoa, "Ao diabo o bem estar que sentia / Desde ontem a cidade mudou". Mudou, ficou mais vazia, porque uma de minhas mais queridas amigas partiu, foi morar lá em sua nuvenzinha cor-de-rosa, deixando em todos nós que a amávamos, uma saudade imensa. Deixando atrás de si um rastro de luz, a falta de seu sorriso, de sua presença nos momentos mais difíceis, a sua palavra...
Ficamos aqui um pouco mais pobres, um pouco mais tristes, um pouco mais solitários. Fica aqui a minha gratidão por ela ter feito parte de minha vida, pelo muito que com ela aprendi.

Paz para seu espírito, Egloge, amiga de sempre.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Quintana ao cair da tarde...


DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

(Mario Quintana

domingo, 17 de outubro de 2010

Numa manhã azul de primavera...


Um domingo de primavera "comme il faut"... Azul, suave, meio frio, calmo, doce... Assim amanheceu hoje, por aqui. Relógios adiantados em uma hora, o que para alguns é um problema e que eu, na verdade, até gosto, já que os dias parecem mais longos, a noite custa um pouco mais a chegar. Prenúncio de um verão que ainda custa um pouco a chegar, também. E quando ele chegar por aqui, já estarei lá no outro hemisfério, entre o branco e o silêncio do inverno, com um certo medinho de sair de casa e congelar, ao mesmo tempo em que vou querer muito circular pelas ruas com suas calçadas cobertas de neve, porque é lindo, principalmente porque vamos estar próximos do Natal e haverá luzes por todos os lados, imagens coloridas e lindas em cada jardim, as lojas mais parecendo um conto de fadas... Por lá já é outono, a paisagem já deve estar linda em seus tons dourados, acastanhados, avermelhados, mas também já deve estar bem frio, pelo menos para mim que me encolho toda diante de uma temperatura abaixo de cinco graus centígrados. Melhor aproveitar esta semana de primavera que espero seja exatamente como esta manhã de domingo aqui em Sampa, porque em uma semana vou mergulhar no outono, câmera na mão, para trazer para vocês o lindo espetáculo que a mãe natureza oferece (de graça) a quem tem olhos para ver e alma para sentir toda a sua beleza.

sábado, 16 de outubro de 2010

Fernando Pessoa para seu sábado...


Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós própios.

Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

(Ricardo Reis)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

No Dia dos Professores, meu carinho...

(Uma de minhas primeiras professoras - Foto clássica nas escolas de "antigamente")

Comemora-se hoje, no Brasil, o Dia dos Professores.
Quem de nós não tem dentro de si uma imensa gratidão por seus mestres? Quem de nós não tem na memória a imagem de um professor predileto, de um professor que nos ajudou a escolher os caminhos que iríamos percorrer, com seus ensinamentos, com seus exemplos de dignidade, de sabedoria, de abnegação?
Por isso hoje o Prosa abre espaço para homenagear essa classe tão sofrida, mas sempre nobre, com um agradecimento enorme a cada um deles que faz de sua vida exemplo de luta e dignidade em prol da comunidade a que pertence.
Registrando a imensa saudade que sinto dos meus professores, mestres e exemplos de vida que foram, ao longo de minha caminhada, deixo meu abraço especial e meus parabéns a todos os professores que, sendo leitores e amigos do Prosa, sempre nos honram com sua presença, com sua amizade.

Parabéns, Professor(a), pelo seu dia.

E, "Lembrando minhas professoras", uma crônica escrita com o coração, há alguns anos:

Final de inverno, o sol brilha radioso por entre os prédios, dando á tarde que começa a cair um nostálgico tom de primavera e o som das crianças que deixam a escola após mais um dia de aulas enche o ar de alegria e musicalidade... Como pássaros que tivessem ficado retidos em gaiolas, ganham a rua como se ganhassem a liberdade dos ares sem fim, rindo, falando, gesticulando, algumas até se despicando, e vão passando por sob minha janela trazendo a meu coração lembranças de tardes iguais a estas onde, como elas, despreocupada, trazia em mim tantas esperanças no porvir...

Vejo as crianças de hoje com tantos afazeres, tantas opções de lazer, tantas escolhas, que não posso deixar de comparar os caminhos que se abrem diante de meus netos com o que tinha aberto diante de mim. Meu caminho não tinha atalhos nem muitas saídas. Crescendo num bairro operário, povoado por imigrantes que, devido às dificuldades da vida, nunca tiveram tempo nem chance para estudos, às crianças do Brás não era exigido mais do que uma nota mediana que as fizessem passar de ano; não tinham o privilégio de crescer entre livros nem de ouvir histórias da humanidade; Os pais mais “cultos” tinham por hábito a leitura de jornais (na maioria das vezes, esportivos), e assim, os pequenos sequer sabiam que com um pouco de esforço poderiam, talvez, chegar a estudar um outro idioma ou mesmo ter acesso a bibliotecas, exposições, museus, dando às suas almas o alimento indispensável para uma compreensão maior e melhor da vida.

Nossos horizontes eram tão limitados que o sonho maior de uma garotinha, quando o tivesse, era o de ser professora, porque sua professorinha era a pessoa mais importante que ela conhecia, não por ser quem lhe ensinasse as primeiras letras ou a tabuada, mas porque ninguém, aos olhos da criança que a comparava com as pessoas que a cercavam, sequer chegava aos pés daquela abnegada mulher que dedicava sua vida á formação dos pequenos seres que lhe eram confiados. Ser professora, naqueles tempos, era um privilégio, embora sua vida não fosse nada fácil, porque o salário era pequeno, o que a obrigava a viver modestamente, mas sempre com muita dignidade. Por isso, eram olhadas com admiração e respeito. Certamente ainda encontramos, nos dias de hoje, muitas e muitas professorinhas com o mesmo senso de responsabilidade, com o mesmo ideal de vida daquelas maravilhosas mulheres que ajudaram a formar caráter e a moldar o destino de várias gerações.

Tenho especial carinho por minha primeira professora, Dona Adelaide, uma senhorinha delicada que usava de muita autoridade e firmeza no trato com os alunos, sem perder a doçura da voz. Através das brumas do tempo, posso vê-la ainda, cabelos grisalhos, arrumados num coque preso à nuca, óculos que não conseguiam esconder a vivacidade de seus olhos e, não sei se realmente usava sempre roupas escuras mas é assim que me lembro dela, num vestido de seda azul marinho com florinhas brancas estampadas, mangas compridas, gola arredondada, presa por um camafeu. Mas o que me intrigava muito era o fato dela colocar outro par de óculos sobre os que sempre usava, para poder ler de perto. Aquilo para mim era surpreendente e a característica principal dela, pelo menos naquela época. Tive algumas outras professoras que também ficaram carinhosamente guardadas em minha memória, como Dona Mocinha, Dona Odete, que como Dona Adelaide eram também mestras do Grupo Escolar Romão Puiggari no final dos anos 40, início da década de 50. Depois fui para a Escola Industrial Carlos de Campos onde, além das matérias regulares, tínhamos também formação profissional e onde tive também professoras que marcaram minha vida, como as duas professoras responsáveis pelo curso de flores, e que eram o total oposto uma da outra. Enquanto uma era delicada, gentil, de fala mansa e olhar tranqüilo, a outra era extrovertida, bem falante, e parecia trazer um vulcão dentro do olhar. Claro que temperamentos tão diversos, só poderiam gerar conflitos que quase sempre eram diluídos mercê a mansidão de alma da primeira. Mas um dia, as coisas chegaram a um ponto sem volta e explodiu uma guerra de palavras trocadas entre lágrimas e sussurros de uma e gritos e gestos de outra que, não se conformando com as lágrimas que rolavam pelo rosto da opositora, que aos olhos das alunas poderia fazer dela uma vítima, saiu da classe vociferando:

- Lágrimas de crocodilo!... Agora se faz de vítima e derrama lágrimas de crocodilo!... Crocodilo? Não, crocodilo é muito pra você...

E buscando lá no fundo da alma suas raízes espanholas, encheu o peito e, mãos na cintura, bradou em alto e bom tom antes de virar as costas e sair desabaladamente em direção à porta da oficina de aula:

- Lagartija!... Lagartija!... Eres una lagartija...

Minhas queridas mestras! Saudades imensas de todas essas mulheres a quem devo grande parte de minha formação e que trago presentes em minhas lembranças... Como gostaria de poder abraçar cada uma delas e agradecer pela parte de meu caminho que lhes coube e que elas tão bem souberam aplainar para que meus passos fossem mais seguros em direção ao dia de hoje!...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

E é preciso uma razão?...


As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo

Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado pelo vento, na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo bastante a mim.

Porque amor não se troca,
não se conjuga, nem se ama. Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

E o Blogobairro fica um pouco mais vazio...


Após quase uma semana de ausência, motivada pelo vontade de meu laptop em não mais trabalhar e, fora de casa, sem poder acessar meu PC, deparo-me, ao chegar, com mais um anúncio de encerramento de um blog excelente. Desta vez é o "De Si para si" que fecha suas portas, para tristeza de seus amigos e leitores. Mas a Si, sua autora, deixa no ar, embora remotamente, a possibilidade de um retorno que, espero, aconteça mesmo e que seja em breve.
E assim o blogobairro e a blogosfera ficam mais pobres. Como se já não bastasse a partida do Carlos, do Crônicas do Rochedo, parada obrigatória para uma boa leitura diária e que, felizmente anda reabrindo suas portas, aos poucos, agora é o "De Si para si" que acena com mais uma lacuna em minhas visitas diárias, deixando um pouco mais vazias as minhas manhãs. Realmente uma pena. Mas cada um deles tem lá seus motivos que, evidentemente respeito, embora lamente, esperando que cada um deles realize os objetivos que traçaram e que os obrigaram a ausentarem-se deste mundo dos blogs...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Há coisas que tem que ser vividas...



"Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela."

(Albert Camus)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Uma breve ausência


Pois é, meus amigos, mais uma vez acontece... Fora de casa, longe do PC, contando apenas com meu Laptop que anda cheio de manha, falhando (de novo), tive que pedir licença ao meu filho para chegar até vocês hoje, usando o computador dele. E como só volto ao ninho na próxima semana, até lá fico mais ou menos "escondida", mas vindo ao Prosa sempre que me for possível.
Enquanto isso, deixo com vocês um pensamento de Mario Quintana...

Da inquieta esperança

Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dê o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Como num desenho...


Desenho

Traça a reta e a curva,
a quebrada e a sinuosa
Tudo é preciso.
De tudo viverás.

Cuida com exatidão da perpendicular
e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
traçarás perspectivas, projetarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão.
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.

Construirás os labirintos impermanentes
que sucessivamente habitarás.

Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.

Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.

(Cecília Meireles)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Poesia de Fernando Pessoa


Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-estar que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.

Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.

Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.

Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.

Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria.
Desde ontem a cidade mudou

(Alvaro de Campos)

O que temos de realmente nosso...


"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

(Fernando Pessoa)

domingo, 3 de outubro de 2010

Cada um de nós é responsável.


O povo deste país decide hoje o destino do Brasil para os próximos quatro, ou oito anos. Um ato de extrema responsabilidade que não vem sendo encarado com a necessária seriedade. Confesso que temo pelo resultado das urnas e gostaria de pedir a cada um dos brasileiros que se dispõe a ir votar que o faça com consciência e maturidade, que o faça pensando na responsabilidade que lhe cabe ao eleger um presidente, um senador, um governador e os deputados federais e estaduais . Lembro a cada um deles que isso não é uma brincadeira, que isso não é uma tarde no circo onde se aplaude a triste figura de um palhaço que pode se chamar Tiririca. Que pense na responsabilidade que lhe cabe ao eleger homens ou mulheres com um caminhar não muito honroso, ao eleger candidatos comprovadamente comprometidos com a bandalheira, com a falta de honestidade. Afinal, para que serve a tal de Ficha Limpa se o povo ignora seus resultados?
Então, minha gente, antes de apertar aquele botãozinho da urna eletrônica, pense bem, pense duas vezes sobre o que representa esse seu ato para o futuro deste nosso amado, sofrido, Brasil.
A responsabilidade pelo nosso futuro pertentece a cada um de nós. Depois, não adianta reclamar, viu?


sábado, 2 de outubro de 2010

Um livro e o aconchego de uma noite chuvosa...


Como costuma dizer minha queridíssima amiga Mara, lá de Michigan, não há nada que eu faça melhor do que "bater rodinhas"... risos... Sabem que ela tem razão? Olha eu aqui de novo, em Campinas, a antigamente chamada "Terra das Andorinhas", lugar de muitos amigos, lugar de alguns de meus mais caros amores: meu filho mais velho, minha nora, meu neto (por sinal, um tremendo gato - e não é corujice de avó babada, não, viu?). Então, por esta semana toda, o quartel general do Prosa fica instalado por aqui, e não há de faltar novidades... A noite está nublada, o dia teve chuvas esparças, mas não faz frio, apenas um clima um pouco mais fresco. E eu tenho em mãos um exemplar de um livro que promete me manter acordada até altas horas - "Adoniran, uma biografia", de Celso de Campos Jr. Adoniram Barbosa foi uma figura sui generis, um dos talentos da música de São Paulo, compositor, cantor, ator e tantas coisas mais que fizeram dele um dos mais versáreis profissionais do Século XX. Para os que não se lembram, ele foi o autor e intérprete de "Trem das Onze", "Saudosa Maloca", entre muitos outros sucessos.
Bom, vou aproveitar o silêncio da noite, o aconchego deste meu canto e vasculhar a vida e a obra deste que é considerado um dos mais ilustres representantes do samba paulista...


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O que torna a vida fascinante...


"Não saber exatamente o que queremos, mas procurar, achar e perder, e continuar buscando, na mais saudável inquietação, é que torna a vida tão fascinante, e faz valer a pena."

(Lya Luft)

Vale a pena refletir...


Em meu giro diário pela blogosfera sempre encontro textos, palavras e opiniões respeitáves, verdadeiras, que valem muito a pena serem lidas.

Pois hoje, em visita ao "Ouvindo meus botõse", excelente blog administrado pela Maria Teresa, mulher de pensamentos lúcidos e escrita impecável, deparei-me com uma postagem que achei por bem trazer para o Prosa, em forma de link para o referido blog, e porque assino em baixo no texto da Maria Teresa, recomendo aos amigos que o leiam com atenção e me digam se não é isso mesmo...

http://mteresahf.blogspot.com/2010/09/bombardeio.html